16 julho, 2007

A abstenção

A abstenção foi a grande vencedora da noite de ontem. Já se estava à espera que assim fosse, até pela data escolhida, mas não deixa de ser uma vergonha para os lisboetas que menos de 4 em cada 10 tenha ido votar - o que é o pior que se pode dizer sobre a campanha e os candidatos. O Verão é o culpado óbvio deste descalabro, mas convém não simplificar. O facto de, à direita, não existir nenhum candidato credível; a eleição ser só para o executivo e não envolver as juntas de freguesia; a existência de 12 candidaturas e a confusão que isso criou e o crescente desencanto e desconfiança dos portugueses com os partidos e a politica são outras das explicações possíveis para este recorde abstencionista.

Este último factor é, de longe, o dado mais significativo a reter. Existe hoje espaço para um discurso anti-sistema e anti-partidos que diz muito menos sobre o reforço da cidadania do que sobre os perigos que enfrenta a democracia. Não há democracia sem partidos, é verdade, mas isso está longe de querer dizer que esta seja propriedade privada dos esquemas de representação do poder personificados nas máquinas partidárias. Convinha que a classe politica - no seu todo, mas especialmente a que tem assumido posições governativas - emendasse a mão e evitasse os constantes tiros no pé a que se tem dedicado nos últimos anos. A excursão paga pelo partido socialista para encher o Altis de agitadores de bandeiras vindos da província é mais um sintoma, infelizmente, de que há muito boa gente com pouca vontade de aprender com esses erros. Ainda não apareceu um populista como Berlusconi, mas mais uns quantos exemplos destes e não há certezas adquiridas.

2 comments:

Anónimo disse...

Está na moda dizer mal dos partidos! Mas os partidos são compostos por conjuntos de pessoas e é aí que está o problema! O problema são as pessoas, que podem ou não estar filiadas em partidos!
Isto é uma falsa questão e um argumento utilizado por aqueles que querem retirar vantagens políticas da diabolização dos partidos!

Eduardo disse...

Boa tarde. Permita-me a correcção: "não deixa de ser uma vergonha", sim, mas não para os liboetas. Não deixa é de ser uma vergonha para os lisboetas que não votaram. Cumprimentos.