09 dezembro, 2007

Porta fechada

340 euros para um T0 ou T1 em Lisboa. 220 se for no Porto. 680 euros para um T3 ou T4 na capital, 440 no Porto. São estes os valores da “renda máxima admitida” pelo “Porta 65”, o novo programa de apoio à habitação jovem lançado pelo governo. Como toda a gente percebe, e o Diário de Notícias confirmou quando foi ver os preços do mercado de arrendamento, não existem casas a esse preço. Em quase dois mil apartamentos no portal do Sapo, apenas 27 cumprem os requisitos financeiros exigidos pelo “Porta 65” para Lisboa. No Porto há uma casa disponível. No site Lar Doce Lar o panorama é idêntico. Em 179 ofertas de arrendamento no Porto nenhuma se conforma aos valores propostos pelo Governo. Nada, nenhuma, niente.

Alguns dos princípios presentes no Porta 65, como o plafonamento e a existência de escalões, até fazem sentido para evitar eventuais abusos e o inflacionamento artificial do mercado. Tudo bem. Mas, que importa isso, se depois o Estado só apoia rendas irreais que ninguém encontra deixando quase todos os jovens de fora do programa? O Governo orgulha-se de que, com esta iniciativa, vai poupar 20 milhões de euros. Diria mesmo mais. Com estas “rendas máximas admitidas” arrisca-se mesmo a não gastar um cêntimo que não seja na generosa campanha publicitária que, como é costume, acompanha todas as propostas do partido socialista.

PS: Já existe, entretanto, um blogue e uma petição a circular contra esta medida do Governo.

6 comments:

JLS disse...

Aqui em Braga, na zona da Universidade, andavam a arrendar T0s, mobilados, novos, por cerca de 250€.

Não sei bem qual é o verdadeiro objectivo dessa iniciativa. Se, apenas, dar casa a preços acessíveis ou reavivar centros históricos...

Mas não se fazem petições contra só porque não está a funcionar em Lisboa e no Porto. Até nem são concelhos com assim tanta gente quanto isso, quando comparados com as respectivas zonas metropolitanas.

Movimento Porta 65 Fechada disse...

Olá Jam,

As rendas máximas admitidas são definidas por NUTS III. No caso, Braga pertence zona Cávado e a renda máxima admitida para um T0 ou T1 é 180 euros. Como vês o caso é grave e nacional. Basta dar uma vista de olhos à petição on-line. Procura mais informações no blog sugerido.

Anónimo disse...

"...arrisca-se mesmo a não gastar um cêntimo que não seja na generosa campanha publicitária que, como é costume, acompanha todas as propostas socialistas."
Porra! Ao menos põe aspas no "socialista"

Pedro Sales disse...

Ok, anónimo, do partido socialista. Vou alterar.

Anónimo disse...

Parece-me que de todas as partes envolvidas no arrendamento jovem (os jovens, os senhorios e o governo/fisco), só o fisco vai sair a perder com este novo programa!!

Anónimo disse...

Na realidade não conheço nenhum T0 no Porto por 220 euros.
Só se for alguma barraca na zona de Francelos. Concordo que o arredamento esteja a ser inflacionado pelos senhorios ao saberem que os arrendatários concorrem ao arrendamento jovem.
Infelizmente não acredito, e quase que tenho a certeza, que os preços dos arrendamentos não vão baixar. O jovem Zé Povinho é que se vai lixar mais uma vez. Muito bem, é uma boa ideia para poupar uns cobres que poderão ser investidos em paceatas e quem sabe mais uns carrito, que esta malta do governo é muito fina para andar de comboio ou de autocarro.
O que esta porta65 me parece, é que é um verdadeiro tiro no pé. Ora vejamos: O Chico Esperto o que irá fazer? Muito simples, acorda com o senhorio um novo contrato de arrendamento onde só conste o valor da renda que lhe interessa. O resto irá por trás da "porta". Bem visto, sempre é uma maneira do mal ser um pouco remediado. Quem fica contente ainda é o senhorio. Menos aquele que vai prós impostos.

Mas se calhar um "engenheiro" nunca se lembraria deste pormenor