Oportunidade perdida?
Seguro, seguro nada o é. Mas o que parece, assim de longe, é que perto de 30% dos Lisboetas vão votar por uma cidade à esquerda do atavismo Socrático. O que vejo, assim sem ver, é que nem José Couceiro conseguiria montar uma campanha de direita mais fraca, com falhas absolutas de estratégia e de elenco. E o que se ouve, distintamente, é a negação total do neo-fascismo, do racismo, da homofobia e demais ervas daninhas mal disfarçadas de projectos políticos.
E fica esse sabor a oportunidade perdida. A memória de um momento raro na vida da cidade onde pouco mais que esses 30% seriam suficientes para disputar as eleições a um PS em queda e a um PSD dividido. De umas eleições em que uma frente de esquerda tolerante, abrangente e convincente teria conseguido mobilizar Lisboa para opções políticas de transformação profunda.
A Lisboa de António Costa será, na melhor das hipóteses, um tronco sem direcção própria num imenso pantanal Socrático. A Lisboa de esquerda ficou a esbracejar, à espera desse barco que tarda em chegar. Um ou dois ramos soltos não atrairão a atenção de quem busca, aflitivamente, terra firme para não se afundar no lodo.
Resta o limitado espectro de convergências pós-eleitorais com António Costa: seja à esquerda ou à direita, aí se verá a inutilidade de servir de muleta a uma muleta.
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