É pró menino e prá menina
Quando a Levi's, uma das maiores empresas mundiais, faz um anúncio televisivo com uma versão gay e outra heterossexual, alguma coisa está a mudar positivamente na forma como a homossexualidade é vista pela sociedade. É certo que o anúncio só passa num canal por cabo da MTV, o Logo, dedicado ao público gay, mas este género de campanhas é feito muito mais a pensar na repercussão mediática posterior e no YouTube do que nas escassas vezes que roda na televisão. Seja como for, o que é certo é que a Levi´s não teve medo de associar o seu nome a um anúncio que acaba com dois homens juntos. The times they are a- changin.
ps: para os mais distraídos, a banda sonora do anúncio é dos mesmos rapazes que têm posto metade do país a trautear a música da última campanha publicitária da Optimus. Definitivamente, os Peter, Bjorn e John são mesmo a banda deste Verão.
8 comments:
menos prá menina que gosta de menina.
Pois, mulher como mulher é que não. Não é que fizesse falta. Bastava um para continuar a vender sexo, não calças. Não há novidade na estratégia (que, afinal, apenas condiciona toda a nossa vida).
Há qualquer coisa que ainda me custa a entender. Qual a necessidade da esquerda em alimentar este folclore de propaganda do modo de vida gay? E desde quando é que a publicidade passou a ser o reservatótrio moral da esquerda "moderna" ou baluarte de um alegado pensamento progressista? Para quando anúncios para todos os gostos? Lésbicas, transsexuais, zoofilos, pedófilos, whatever... afinal se temos mesmo de deixar de ver as pessoas enquanto pessoas e passar a vê-las enquanto objectos sexuais então que haja a mesma liberdade para todas as vertentes... Hoje já não é a exploração capitalista (de que a Levi's é um caso gritante em alguns países asiáticos) que conta. Pelos vistos esta até pode aparecer como promotora da "igualdade"(?!?) sexual. Explora os trabalhadores mas promove a homosexualidade. Realmente os tempos estão a mudar. E por este caminho a sociedade evoluirá para que o estado nos veja meramente como cidadãos contribuintes (o que revela um tratamente quase igualitário) mas nós continuaremos a ser meros pénis e vaginas. Distingue-nos o que fazemos com esses pedaços de nós mesmo. Distingue-nos o par de Levi's que escolhemos vestir.
Mas vê algum pénis no anúncio Paulo Mouta? Sequer um beijinho? Cada um vê o que quer, e este tipo de anúncios insinuantes, mas sem nada de explicitamente sexual ou qualquer outro contacto físico de resto, serve para isso mesmo. Caso então para perguntar se é a televisão que nos trata como "pénis" e "vaginas", ou se é o Paulo Mouta que se reconhece assim?
Em relação ao post tendo a discordar. O YouTube está muito sobrevalorizado, os vídeos mais vistos no YouTube não têm a audiência de um programa médio da tv nacional americana. A Levi's quer atrair a clientela gay, mas não o assume junto da clientela hetero, que poderia ficar ofendida..
A ver se nos entendemos. Eu continuo confuso. Afinal a publicidade é agora o veículo da imagem da mudança dos tempos? A levi's não explora o(s) sexo(s) com estes anuncios? Não tenta fazer entender que para si os dólares ou os euros são exactamente iguais vindos de hetero ou de homosexuais? E não são de facto? E não é perfeitamente claro que o mundo da publicidade é quase na sua totalidade o mundo da exploração sexual ou para suavizar um pouco, da exploração de temas sexuais? É nesse aspacto que eu acho que somos vistos apenas como genitais e consumidores. Ao contrário do insinuado não sou eu que me reconheço assim. Para mim as pessoas são todas iguais e têm todas os mesmos direitos (ou deveriam ter) independentemente da raça, religião, género ou orientação sexual. Valores que, confesso não me terem sido passados pela televisão muito menos por anúncios deste género.
Paulo Mouta,
Sim e não. A publicidade não é o veículo da mudança dos tempos, mas, quando num meio conservador como a publicidade, as empresas deixam de recear fazer anúncios com homossexuais alguma coisa está a mudar na sociedade. Por mim vivo melhor numa sociedade que, como diz, não discrimine ninguém na base da religião, credo político, cor ou orientação sexual. Isso não me faz um defensor da Levi´s nem das condições de trabalho nas suas fábricas (que, sinceramente, desconheço).
Caro Gaiato,
Tem razão na sobrevalorização do YouTube. Um vídeo com sucesso tem 3 a 5 milhões de visitantes, um anúncio em prime-time nas estações televisão americanas multiplica esses números por 10. Mas eu não estava a falar apenas no Youtube. Que eu tenha reparado, entre nós, este anúncio já teve uma página no Diário de Notícias. O mesmo sucedeu em largas dezenas de jornais e revistas um pouco por todo o mundo, arriscando-se mesmo a aparecer em alguns noticiários televisivos. É para isso que servem estas campanhas de baixo custo (sim, não têm coragem de assumir este anúncio às 22 horas num qualquer canal generalista) e elevado nível de notariedade.
Caro Pedro, penso que no essencial estamos de acordo. Nem o meu comentário teve qualquer intenção de ir contra essa ideia comum de que é efectivamente positivo vivermos numa sociedade que (pelo menos aparentemente) aceita com mais naturalidade as diferenças. Muito embora não seja tão optimista quanto às intenções deste tipo de estratégia de anúncios. E muito menos quanto à promoção da homossexualidade como modo de vida. Não deve ser promovida exactamente na mesma forma como não deve ser descriminada. As pessoas são-no independentemente da forma como querem apresentar-se perante a sociedade. São pessoas independentemente do género, da religião, ideologia ou cor da pele. A promoção e a vitimização ou o auto-isolamento ou auto-discriminação são normalmente contraproducentes. Era essa a ideia base do comentário. Quanto a questões laborais aconselho a leitura do texto no link. O texto é de 1998 mas, se bem conhecemos a máquina capitalista... com o tempo não melhora grande coisa...
Cara Paulo Mouta,
De acordo, também não defendo a promoção de estilos de vida. Cada um tem o seu e não deve ser discriminado por isso. Agradeço-lhe, ainda, o link que inclui no seu último comentário. Realmente, não deve ter mudado muito, não.
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