22 novembro, 2007

nem de graça


campanha alternativa das panteras rosa

Lembro-me da tagus por ser uma cerveja baratucha que embezanava as gargantolas pouco exigentes das festas na minha faculdade. Percebo agora que também deve atrofiar a mioleira. A campanha não tem graça, é um desastre publicitário e deveria ser retirada imediatamente. Está tudo em tagus.pt e orgulhohetero.com

9 comments:

L u i s P e s t a n a disse...

Vai haver consequências de certeza...

bookworm disse...

a partir desta campanha, pela minha parte, podem metê-la...onde melhor lhes aprouver.

Paulo Mouta disse...

Há coisas que não consigo entender. Se uma qualquer marca resolvesse sair à rua com uma campanha de marketing baseada no "orgulho gay" toda a gente batia palmas e se aliava a um baluarte da defesa da igualdade e da não descriminação. Quando uns cérebros pouco iluminados resolvem pegar na ideia abstrusa que é o conceito de "orgulho gay" transportando-o para o outro lado, saem todos que nem umas donzelas ofendidas ou cavaleiros andantes em defesa dessas donzelas. Ora, esta palhaçada da Tagus só vem no seguimento das palhaçadas que são as marchas do "orgulho gay". A filosofia é a mesma e pobreza de espírito também. O mesmo folclore e o mesmo circo.

Isto permite pensar que hoje não existe, de parte da comunidade gay, e de todos os defensores do circo montado em torno de uma parcela politicamente activa desta comunidade, uma ideia de igualdade mas antes uma ideia de supremacia que abomina todos os valores hetero. E isso revela-se nas reacções a esta acção de marketing que já está a cumprir parte do seu objectivo.

As duas formas de descriminação são igualmente reaccionárias. A heterosexualidade agora está a tornar-se uma comportamento desviante? Uma anormalidade? É assim tão chocante que homens e mulheres tenham orgulho em gostarem uns dos outros? Que puta de socidade estamos nós a construir?

Agora o mais importante de tudo isto é que não vejo qualquer problema em que um gay tenha orgulho em o ser e que um hetero tenha também esse mesmo orgulho. E descriminar alguém pelo que gosta de fazer com os seus genitais... por favor!

Anónimo disse...

Também não vejo mal na campanha, tal como não veria se fosse do dito "orgulho gay".

De ver que como é dito no post, a imagem é da tal "contra-campanha" de um blog, contra esta campanha da Tagus. Curiosa reacção...

Orgulho gay... orgulho hetero... como já se disse aqui "o mesmo circo". Cada um de nós só se tem que preocupar em viver a vida e deixar as outras pessoas viverem a delas. Se tanto, ajudar (e não lixar) o próximo, quando for possível e necessário.

Paulo Mouta disse...

E já agora, caro FC, não acha no mínimo asquerosa a sequência de imagens na tal campanha alternativa que apresenta no panteras rosa?

Aquilo é imagem de tolerância e promoção de igualdade ou é imagem de puro mau gosto?

A heterosexualidade é sinónimo de violência doméstica, fascismo ou nazismo? A estupidez tem limites.

Miguel disse...

Paulo,

Vou ter que ser telegráfico na minha resposta: não entendo que "orgulho hetero" e "gay" sejam conceitos simétricos. Um designa a sexualidade prescripta hegemonicamente pela sociedade actual, e assenta na exclusão. O outro é uma afirmação identitária contra a discriminação. Não faço justiça a quem perceberá melhor do assunto, mas julgo que a diferença está toda aqui. Se não passarmos disto não sei se alguma vez nos vamos entender.

A campanha das panteras rosa choca, é verdade. Sem querer comparar uma publicidade pindérica a crimes muito reais, julgo que qualquer pessoa de bom senso não deverá ficar indiferente às várias formas de violência que se passam no nosso quotidiano, de homofobia ou outra.

Anónimo disse...

Por acaso também acho que a campanha é um desastre completo, mas se há o cinema gay e isso não é discriminatório, porque haveria de ser isto considerado como tal? é chocante, mas chegámos a isto. Pior do que a campanha, é mesmo a necessidade que alguém teve de pensar nela. Isso sim, deveria deixar-nos a pensar.

Nota: poupem-se de contra-argumentar dizendo que sou homofóbico, porque isso é uma teima que já tirei. Lido diariamente com homossexuais e não tenho absolutamente nada a dizer nesse aspecto - confesso que a obsessão com as montras da stivali me irrita um pouco, mas irritar-me-ia da mesma forma numa mulher - e, tal como tudo o resto, gay ou não gay, há boas pessoas e pessoas estúpidas como uma porta, e não é o facto de serem "gays" que lhes vai dar mais ou menos pinta ou torná-las um resquício que seja menos intragáveis. Ou estou a dizer alguma blasfémia?

Anónimo disse...

e se vissemos também a simples questão publicitária que é: a marca tem de contrariar o seu ponto fraco - então diz que a cerveja faz homens viris e muito hetero, tem de contrariar a ideia de que tagus é sem alcool ou coisa leve e "efeminada" (por ser azul e não vermelha como as outras, por exemplo). Como todos sabem a cerveja provoca impotência e aumenta a barriga, então toca a pô-la a ser coisa de machos muito machos e muito homens ou com desportistas a dizer que é uma maravilha para ser um ás! Mentirinha...
Claro que é campanha fraquinha e precipitada e desesperada duma tagus que já tinha feito campanhas sexistas em barda a dizer que era BOA como o milho, etc, e a cativar a estupidificação estudantil. Como todas as outras cervejas, se formos a ver bem.
Coitadinhas das cervejeiras. O problema é o poder que têm.
E tb por isso a campanha anti-homofóbica com um humor negro que lhes dá má publicidade faz todo o sentido. Se deixamos passar tudo com um sorriso
crescerá o fascismo publicitário que julga que tudo pode vender e dizer, para além da homofobia, do sexismo e da mentira sem graça.

Paulo Mouta disse...

Caro FC, percebo perfeitamente a questão que levanta. Aliás, devemos concordar que não é compreensível que a orientação sexual possa ser encarada como sinónimo de melhores ou piores seres humanos. Mas, no seguimento dessa linha de pensamento não podemos deixar de criticar a postura explosiva com uma certa cultura de ódio que certas minorias apresentam quando são, ou julgam que são atacadas. É muito fácil argumentar que os machos latinos são os que batem nas mulheres em casa. É demagógico. Até porque nem todos os heterossexuais são machos latinos. A homossexualidade ou heterossexualidade não são por si, sinónimo de nenhum dos argumentos que por vezes aparecem em forma de ataque mútuo. É como dizer que a pedofilia é uma parafilía marcadamente de homossexuais uma vez que surge muito maioritariamente em forma de relação entre indivíduos do mesmo sexo. No entanto só pode dizer isto, alguém muito mal intencionado uma vez que não se pode fazer esse tipo de leitura. Como não se pode dizer que a heterossexualidade é culpada pela violência doméstica, pelo alcoolismo, pelo desrespeito pelos mais velhos, pelo fascismo, pelo nazismo, etc., tal como a contra-campanha que foi referida.
A reacção não foi a de afirmarem o direito à diferença e à não descriminação. Pelo contrário passaram ao ataque com a postura anti-heterossexual com a qual nada ganham. E a campanha da Tagus é apenas mais um pretexto para uma postura constante. Eu concordo com o que o FC diz que os conceitos de “orgulho” representam para a comunidade homossexual uma “afirmação identitária contra a discriminação” mas ao querer afirmar desta forma, ou com aquelas paradas ridículas, o resultado pode ser contraproducente para além de ser uma forma de “afirmação identitária” de superioridade face ao outro lado da questão. Ora, essa imagem de superioridade moral, intelectual e humana é extremamente reaccionária. E, caro FC, não existe na realidade outro lado da questão pois somos todos igualmente seres humanos.
Torna-se inclusivamente ridículo que, em pleno século XXI ainda estejamos com este debate, e pior ainda que agora se tenha virado o bico ao prego. Agora a vergonha está em afirmar a heterossexualidade tendo-se transformado num sinónimo de todos esses fenómenos sociais que não são da sexualidade mas sim da sociedade como um todo.