01 novembro, 2007

"É um produto fraudado? É, mas até o fraudado tem a sua qualidade"

Várias companhias brasileiras, para esconder a má qualidade do leite e aumentarem a margem de lucro, juntavam soro, água oxigenada e soda cáustica ao lacticínio. Isso mesmo, água oxigenada e soda cáustica. Com a mistura, poupavam 10% de leite e, segundo os especialistas, a fraude era impossível de detectar sem o recurso a testes de laboratório. Sabor, textura e aroma era tudo igual. Os nutrientes, claro, é que não estavam lá. Como tudo no Brasil, o esquema funcionava em grande, num esquema de corrupção que envolvia as empresas, políticos e fiscais que deveriam avaliar a qualidade do leite.

Tavez conhecendo o caso de Gomes da Silva - o ministro da Agricultura de Guterres que convocou uma conferência de imprensa para comer mioleira de vaca -, um dos deputados federais chamou ontem os jornalistas para "dar um recado" aos brasileiros e beber um copo de leite. "Sou contra a fraude, mas sou a favor do que está aí, o leite possível. Querer um leite de qualidade a curtíssimo prazo é a mesma coisa que querer acabar com o analfabetismo no Brasil. É um produto fraudado? É, mas até o fraudado tem a sua qualidade", disse Piau. Está visto, a realpolitik chegou ao leite.

O deputado em causa recebeu, na última campanha eleitoral, 40 mil euros da cooperativa proprietária de uma das marcas de leite envolvidas no escândalo.

6 comments:

ironicidade disse...

Os mais velhos contam que no antigamente os leiteirios adicionavam urina ao leite. Devia ser mais inócuo. Digo eu...

samuel disse...

São os políticos que estão aí! Os possíveis, lá como cá.
No fundo, bem no fundo, também têm a "sua qualidade".

Kruzes Kanhoto disse...

Filho de uma grande vaca!

Anónimo disse...

Infelizmente parece que cada vez mais é preciso algumas pessoas terem uma arma carregada e pronta a disparar apontada à cabeça por um qualquer extremista para perceberem que o dinheiro, em última análise, não lhes vale de nada.

Nelson Peralta disse...

A história da urina é verdade. Os proprietários das muitas ordenhas que existiam no país misturavam urina ao leite.

O produtor pagava ao leite consoante a sua qualidade que era medida pela quantidade de proteína. Ora, na altura o equipamento existem só media a proteína total e não diferenciava proteína orgânica de inorgânica.

Portanto a proteína inorgânica "aumentava" a qualidade do leite e o preço pelo qual era vendido ao produtor.

César disse...

Olhe! Antes que o João Botelho (ou alguém que se encarregue de despojar o dito da sua "visão artística") se chegue à frente, registe a patente e faça um filme com isso!

Até dou uma sugestão de título:

"Muuuuuuuu-rupção"

Vê-se bem o sangue português nos brasileiros! Coitados...