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Enquanto em Portugal se dedica horas de televisão e páginas infindáveis de jornais a falar do perigo do "ditador" Chavez, a fraude russa passou praticamente despercebida. Ao contrário de Chavez, que perde referendos e aceita os resultados, Putin lá ganhou as eleições com uma maioria forjada e no meio de um gigantesca chapelada eleitoral.

As fotografias de Putin de peito aberto estão longe de ser despropositadas. Foram planeadas ao milímetro e marcam o ressurgir de uma Prússia musculada. Em pouco mais de uma década, Putin conseguiu a proeza de recuperar, sem sobressaltos, grande parte do imaginário do regime soviético. A Grande Rússia, altiva, forte e que não abdica das suas pretensões imperiais na região. O novo czar já deu suficientes sinais de que não hesita em usar o petróleo e o gás natural como forma de reforçar a influência política sobre os países vizinhos, que trata e destrata como se continuassem a ser os satélites de outrora (basta lembrar a mais recente crise na Ucrânia).

A cortina de mísseis que os EUA querem apontar para a Rússia, mesmo nas suas imediações, é reveladora do desnorte estratégico da administração Bush. É como tentar apagar o fogo com gasolina, apenas servindo para concentrar o orgulho nacional em volta do seu líder. Putin sabe-o melhor do que ninguém e aproveita-se dessa popularidade para agir como um czar inimputável. Que, mesmo com o forte apoio que detém, tenha feito a chapelada que fez para poder deter 80% dos lugares da Duma mostra bem o que se está a passar na Rússia. Perante o silêncio quase generalizado.