18 dezembro, 2007

Autonomia de trela curta

“No quadro da nossa autonomia, temos a liberdade de dizer o que pensamos”, defende Pedro Nuno Santos, garantindo o apoio da JS à realização de um referendo para ratificar o Tratado europeu. Apesar desta “declaração política”, garante, não pretende apresentar nenhuma iniciativa no Parlamento para propor o referendo. “Não, claro que não”. Até porque, se o assunto for a votos na Assembleia respeitará “o sentido de voto oficial definido pelo PS. É exigível alguma unidade do partido”. Pois é. A mesma autonomia que dá para dizer o que pensam, obriga a que votem como pensam os “grandes”. O que fazem, naturalmente. Escusavam era de dar-se a tanto trabalho para nos fazer crer que, por algum insondável mistério, desta vez pudesse ser diferente.

6 comments:

Filipe Tourais disse...

Se alguém duvidava da influência de Manuel Alegre, aí está uma prova de que, mais do que ter influência, Alegre fez escola,

Pedro Nuno Santos disse...

Caro Pedro Sales,

Estivesse estado atento às minhas declarações no dia 13 e não teria dito que tentámos fazer crer que iriamos avançar com uma iniciativa parlamentar ou que votaríamos contra o nosso partido. Desde o primeiro dia que dizemos que respeitaremos a posição do partido do qual fazemos parte. Quisemos participar no debate, apresentar argumentos favoráveis ao referendo e tornar pública a nossa posição. Nunca quisemos criar falsas ilusões sobre as nossas intenções.

Escusava era de dar-se a tanto trabalho para desvalorizar a atitude política da JS.

Nuno disse...

Esta atitude é de valorizar e não de desvalorizar, até para contrariar uma suposta "asfixia" democrática q alguns mencionam!
Bem sei que esta iniciativa não atinge os objectivos do cidadão Pedro Sales qto à realização do referendo. Como é óbvio o partido impõe disciplina de voto! Caso contrário seriam deputados
independentes e não filiados!
Cpmts

Filipe Tourais disse...

Para isso não havia a necessidade de eleger candidatos e passava a eleger-se apenas partidos com força 1, 2, 3, 4, o que fosse, correspondente ao actual número de mandatos. Nem era preciso comprar autómatos, o sentido de voto era conhecido à partida. Pensem nisso e na diferença entre quem toma uma posição e a pode verter em voto e a de quem simplesmente tem uma opinião. Mas esses somos todos nós que não votamos na AR... nem somos autómatos.

josé manuel faria disse...

A JS são os Alegres de ontem. Muita treta e esquerda, na hora carneiros atrás do chefe.

Sejam deputados que assumam as vossas posições e convicções, sem medo.

O Nuno será um novo Sérgio S. Pinto.

Pedro Sales disse...

Caro Pedro Nuno Santos.

Eu bem sei que a JS nunca deu a entender que iria votar de uma forma distinta da do PS, até porque ainda não se conhece qual é a posição actual do partido. Mas, ao avançar com esta iniciativa "política" deu um sinal. (no meu entender, positivo). Sinal esse que só hoje se percebeu ser meramente retórico e proclamativo. A estupefacção do jornalista não é casual. É a consequência de uma posição que não tinha ficado clara desde o princípio. Foi só isso que quis dizer.


Ps: reconheço, no entanto, que alguma da potencial aspereza do texto não tem apenas a ver com esta posição, sendo antes a consequência natural de uma leitura pessoal particularmente negativa sobre a reduzida autonomia das juventudes partidárias. Nos partidos, em geral, mas particularmente na Assembleia da República.