16 dezembro, 2007

Porreiro pá, redux

Por estes dias, do Parque das Nações a Bali, parece ser suficiente juntar chefes de Estado, ministros e respectivas comitivas para que todos os encontros sejam um “sucesso muito significativo”. Foi assim que um deslumbrado ministro do ambiente resumiu uma cimeira sobre as alterações climáticas que trocou imposições concretas de redução de emissões de CO2 por uma nota de rodapé. Não foram os EUA que se juntaram ao consenso. Foi o consenso que cedeu aos EUA, numa cimeira que atirou os principais problemas para baixo do tapete e adiou as principais discussões por mais dois anos.

2 comments:

José M. Sousa disse...

É verdade:

»However there was palpable disappointment with the huge concessions made to get America's agreement, mostly over lack of detail about any key pledges»

Ninguém quer admiti-lo, mas a verdade é que esta cimeira foi um fracasso, se tivermos em conta a urgência de começar a dar resposta ao problema (que tem associado processos com uma tremenda inércia, como sejam os investimentos em novas centrais a carvão) de forma objectiva e concreta não se limitando a intenções,

Apache disse...

Os Estados Unidos inventaram a “estória” do Aquecimento Global, agora modificado para Alterações Climáticas, para servir tanto para o calor como para a falta dele, tanto para a chuva, como para a seca. O governo americano vai fazendo, no entanto, o papel do vilão, opondo-se a “Quioto”, para que o antiamericanismo primário leve o ocidente a “consumir” as alternativas aos combustíveis fosseis. É que as grandes multinacionais americanas (principalmente as do sector energético) já têm garantida uma receita astronómica com ou sem a assinatura de algo semelhante a “Quioto” por parte do governo, pois quem comercializa os combustíveis fósseis é quem detém o monopólio das energias alternativas, além de que estas gastam muito mais petróleo para serem produzidas. Assim, se comprarmos derivados do petróleo, a preços cada vez mais caros, as grandes empresas (na sua maioria, americanas) facturam, se optarmos por energias alternativas, quer seja para “salvar o planeta” quer seja para contrariar a posição “oficial” americana, elas facturam ainda mais. A única coisa que não lhes dá jeito é reduzir as emissões, é que os combustíveis fósseis emitem dióxido de carbono, os bio-combustíveis, emitem-no duplamente, ainda que uma pequena parte dele seja absorvido pelas plantas, mas o saldo é muito desfavorável. E se esta balela vai levar à ruína algumas empresas, que sejam as mais pequenas, dos europeus e do terceiro mundo, que as grandes multinacionais (quase todas com origem na América), têm de lucrar sempre mais, senão para que servia terem investido tanto na criação do mito.