A soberania que conta
Uma grande parte da oposição ao Tratado Europeu é soberanista. Mas não é de soberania que temos abdicado. É da soberania da democracia. O conjunto das decisões políticas que não são sujeitas ao contraditório democrático e ao escrutínio e ratificação popular não pára de crescer. Da economia à agricultura, das pescas à política comercial. O parlamento europeu, que é a única instância para a qual votamos, é uma antecâmara de coisa nenhuma. Nada do que ali se decide é importante, nada do que é decisivo passa por ali. Mas não se pense que é um exclusivo da euroburocracia. O próprio Tratado, cuja ratificação referendária era um consenso nacional há pouco mais de um ano, prepara-se para entrar em vigor com o voto de pouco mais de 200 portugueses. Estarmos mais perto do centro de decisão não quer dizer, necessariamente, que façamos parte dele. Lá, como cá, o que está em causa é a democracia. Que seja decidido em Lisboa, Bruxelas ou Estocolmo é-me indiferente.
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