É bonito de se ver, sim senhor
Não deixa de ser curioso ver como alguns dos liberais que passam todo o ano a defender a meritocracia para atacar qualquer direito social, estão entretidos numa desenfreada competição para ver quem é que faz a mais ardente defesa de um regime que entrega a chefia do Estado à casualidade fortuita do encontro entre um espermatezóide e um ovócito.
10 comments:
Em relação ao primeiro link, o Sérgio Coimbra, director do Meia Hora, elogiava um ditador por semana nos seus editoriais às Segundas-Feiras. Só a quem não conheça este liberal espanta que hoje esteja de luto pelo fim da ditadura de João Franco.
A Espanha,a Bélgica,a Holanda,o Luxemburgo,a Grã-Bretanha,a Suécia,a Dinamarca,a Noruega,o Japão,e até o Canadá e a Austrália parece que se dão bem com esse abominável sistema de chefia de estado. Claro que vivem sob horriveis opressões,e num estado de atraso social,económico e politico jamais visto. Felizmente que com a nossa república tão bem baptizada com assassinatos,pois com votos não iam lá, somos um exemplo glorioso de progresso e esplendor entre as nações do mundo,que tanto nos invejam. Ainda não perceberam que a Monarquia é uma questão de simbolos e de história,e não de poder politico,que deve ser exercido pelos parlamentos e governos?
Anónimo: em 1908, aquando do regicídio, Portugal era tipo Canadá, ou mais tipo o Reino da Arábia Saudita?
O que está em causa são valores. Ou no caso, a falta deles.
Em Portugal, parece que nem republica nem monarquia conseguem ser lá muito sérias. A segunda parece uma piada de mau gosto (é a negação, logo à partida, da igualdade entre os cidadãos). A primeira, brinca à democracia (tb nega a igualdade entre os cidadãos, contudo, primeiro e, no papel, diz que todos são tratados de igual modo - por isso é mentirosa). Lá está, é a crise de valores.
Já não há Homens... há garotos que enquanto não têm o último gadjet da moda não descansam.
Tárique faz excelentes perguntas,porque demonstram a inanidade do nosso ensino da História,e da formação em algo que tende a desaparecer e que depois se verá que faz muita falta: a cultura geral.Em 1908 a Arábia Saudita obviamente não existia,pois foi uma criação post-1ªguerra mundial. Se se refere a um sistema teocrático,destituido de representatividade parlamentar,opressor de direitos humanos nomeadamente da liberdade de expressão,é patente e indubitavel que em Portugal se vivia na Monarquia Constituciona um clima de liberdade de expressão único,de prática parlamentar algo distorcida mas não por culpa do Rei,mas sim da mediocridade dos politicos que não se alterou muito com virtuosa república que teve o cuidado de restringir o censo eleitoral,não fosse algum referendo pôr em causa o novo regime,que nunca teve coragem de se referendar.O atraso em relação aos países mais evoluidos da Europa existia,como sempre existiu desde pelo menos o século XVII,mas sem o golpe do 5/10,com a aplicação das corajosas reformas do João Franco com o parlamento aberto em Março ou Abril,pode presumir-se na limitada "história virtual" que o país prosseguiria a senda da modernização e do progresso,que o Rei,como é patente nas suas cartas,tanto desejava. Assim,supondo que existia algo como a Arábia Saudita,estávamo muito longe e cada vez mais. Em relação ao Canadá,parece-me que o chefe de estado (a Rainha) tinha mais poder constitucional que o nosso Rei,mas não lhe posso garantir,pois não sou especializado. Mas quanto a liberdade de expressão,não me consta que circulassem panfletos e caricaturas apelando à morte da Monaraca,insultando-a da forma mais soez. Éramos politicamente e socialmente mais parecidos com o Canadá do que com o Médio Oriente,evidentemente,e aproximava-nos o interesse pela indutrialização,em portugal coarctado pela falta ce capitais e sobretudo pela convulsa instabilidade que caracterizou as primeiras décadas do século XX. Mas a prelecção vai longa,não deve ter muitos leitores para quem o slogan é o bom e cómodo instrumento de interpretação histórica,e,o espaço não é infinito. Boas leituras!
Não compreendo como é possível nos dias de hoje alguém poder defender que um filho da puta qualquer, apenas porque saíu dos testículos correctos herde o direito a ser o símbolo de uma nação. Não interessa aqui saber o que destingue na prática os sistemas monárquicos que o Sr. anónimo referiu das repúblicas até porque eles são semelhantes em quase tudo o que interessa. Os exemplos são, portanto, estúpidos e infelizes porque quando falamos de monarquia ou república falamos de uma questão de regime e não de sistema político. As monarquias que citou são sistemas parlamentares que, em absoluto nada têm que se possa destinguir de outros países constituidos como repúblicas.
O regicídio, porque é disso que se trata, não deve ser senão comemorado pois marca uma viragem significativa e progressista na consciência de poder. O poder, bem ou mal, deve pertencer a quem elege e não a quem nasce eleito.
O comentador anterior é o republicano típico. Tudo está bem até ao exacto momento em que decidem abrir a boca, aí libertam toda a repulsa que sentem quando se vêem no espelho.
Normalmente é o esterco (mesmo que o político) que me causa repulsa. E a monarquia, nomeadamente o princípio básico que a rege de que existe alguém predestinado a ser representante da nação só porque o pai e a mãe certos o pariram, é uma irracionalidade gritante. Eu sei que há quem gosta de que as coisas caiam do céu. E estas coisas até estão na moda. Esses parasitas que servem de alimento ao voyerismo parolo das sopeiras (de todas as classes é certo)que se deliciam com as novelas da vida dos reis e príncipes de Espanha porque, para grande desgosto não os temos por cá. O nosso orçamento de estado, contudo, agradece.
É evidente que sou um republicano e com muito orgulho. O que não sabia é que cem anos quase decorridos da implantação da República ainda exista um "republicano típico". E eu que julgava que as pessoas já nem sabiam muito bem o que é ser republicano ou monárquico. Em Portugal e dado o tempo que já passou tornou-se um debate ridículo por ser anacrónico.
Mas ainda bem que me elucidou sobre esses padrões porque me parece que noto aí um certo "anti-republicanismo típico" dos comentários das sopeiras que em vez de discutirem ideias recorrem ao comentário ou ao insulto de carácter pessoal.
Tárique, você levou uma sova do anónimo.
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