O radical e o rigor da moda
Déjà vu, pouco criativo, isso já nós sabíamos. Radical que se preze não pode sair à rua com as modas da saison passada. A causa cool é capilar, pouco espessa e tudo abrangente e padece de uma estranha e constante rejuvenação que muitas vezes parece mais autofagia.
O conglomerado orgânico-yoggi-ambiental já é um mercado e não uma contracultura. E para o radical à la mode isto é perigosamente próximo de um fashion no-no. Pode usar-se com um sorriso, de vez em quando, mas não é essa a indumentária que lhe vai trazer glória nos salões desta saison.
O mesmo se aplica ao último cochicho - mas sempre douto- que deve trazer na ponta da língua nessas inevitáveis tertúlias : o poder, o rizoma e o império já foram, Zizek-zénite-está , e o radical já anda de nariz nas revistas a tentar cheirar the next big thing.
Michael Moore acaba de se tornar a última fashion-victim. O homem coitado, sempre teve o seu estilo, anda nisto há uns anos mas percebemos agora nos salões radicais, é um has-been. Que a coisa já está batida, que já ninguém o atura enfim, "soooooo 2005".
Assim foi na última vinda de Moore a Chicago, numa manifestação de profissionais de saúde contra o actual sistema. Este artigo caricatura um ambiente meio decadente e fica mais um vez a mensagem: o cool de Michael Moore já foi, não vá um fashionista estar desprevenido e começar a falar do filme e dos seus temas. Isso nunca importou muito e é absolutamente tabú para algo tão démodée. Afinal quem é que quer falar da qualidade do linho na camisa, se camisas de linho já eram?
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