06 agosto, 2007

É cada vez mais complicado ser promotor imobiliário em Havana

Para todos aqueles que passaram uma semana a sofrer com o destino dos pobres construtores e promotores imobiliários, à beira da falência por causa do acordo entre António Costa e Sá Fernandes prever a alteração do PDM para instaurar uma quota de 25% das novas construções a custos controlados, vale a pena ler esta notícia:

O Grupo Sonae tem um processo em Tribunal contra a Câmara Municipal de Lisboa, onde exige uma indemnização da ordem dos 71 milhões de euros, por lucros cessantes, em virtude de atrasos na concessão do alvará de construção das torres de escritório do Centro Comercial Colombo. Trata-se de uma questão que remonta ao período da gestão de Pedro Santana Lopes, que negou a renovação do alvará concedido na gestão de Jorge Sampaio e que já previa a construção das duas torres.

Repare-se que a SONAE não está a exigir uma indemnização choruda por lhe ter sido revogada a autorização de construção, uma vez que as duas torres até deverão estar concluídas em 2010. Não, os 71 milhões são pelo que a SONAE alega serem os lucros cessantes decorrentes dos atrasos administrativos da autorização de construção. Não são 5, nem 8, nem 17, são 71 milhões que é para ser um número redondo.

Não sei quem tem, ou não, razão neste diferendo jurídico, mas sei que pedir 71 milhões pelos lucros cessante de meia dúzia de anos dá uma ideia bastante esclarecedora sobre o rendimento do mercado imobiliário na capital. Com negócios deste valor, ainda se torna mais caricato ler as reacções dos opositores à proposta das casas a custo controlado, num escalar demagógico que começou com o espectro de Havana e já vai no “Bloco de Esquerda na Câmara é uma ameaça ao direito de propriedade” ou nas primárias acusações sobre o analfabetismo de Sá Fernandes.

0 comments: