Nada a declarar II
Ainda a propósito da Entidade das Contas e Financiamentos Político não se pronunciar sobre o mais que suspeito financiamento da campanha socialista no Brasil, vale a pena reparar no currículo do porta-voz da Entidade que, depois de ser tão taxativo para a imprensa sobre as irregularidades cometidas pelo PS, não se pronuncia sobre elas no acórdão.
Jorge Galamba é o que se pode chamar um homem dos sete ofícios. Antes de ser nomeado pelo Tribunal Constitucional para fiscalizar as contas dos partidos, foi administrador da Fergráfica, uma empresa do grupo CP. Segundo o “Público”, de 22 de Janeiro de 2007, a sua gestão ficou marcada por uma inspecção das Finanças que encontrou “despesas não justificadas” no valor de 8059 euros, gastos por Galamba em perfumes, roupas e música. Mais estranho ainda, para as Finanças, é o facto de, numa empresa tecnicamente falida e com salários em atraso, Galamba passar a vida em viagens de negócios para locais tão distintos como a Indía, África do Sul, EUA, Brasil, Paris, Londes, Madrid ou Itália.
Mas Galamba não vê nenhum problema nisso. Diz que a empresa tinha dificuldade e, às vezes, era o próprio que tinha que adiantar dinheiro. A Fergráfica retribuía-lhe pagando-lhe estas despesas. Com um passado marcado por uma inacreditável promiscuidade entre o seu dinheiro e o da empresa, que legitimidade é que tem um administrador com um currículo destes para fiscalizar as contas dos partidos? “Não tem nada a ver uma coisa com a outra”, responde Galamba ao Público, parecendo acreditar que somos todos estúpidos.
As maiores agências financeiras internacionais contratam conhecidos hackers informáticos para garantirem a segurança, e a invulnerabilidade, das suas redes e transacções financeiras. Parece que o Tribunal Constitucional seguiu o mesmo exemplo na contratação deste diligente Galamba e foi buscar um especialista em sobrefacturação para fiscalizar os dinheiros dos partidos. É um critério de selecção. Convinha é que o homem abrisse os olhos e visse o que se passa com o PS num Brasil que, pelos visto, tão bem conhece das viagens que fazia às custas de uma empresa falida e com salários em atraso.
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