10 agosto, 2007

No creo en brujas, pero que las hay, las hay

Vai para um mês que Alberto João Jardim e o governo se envolveram num braço de ferro sobre o cumprimento da lei do aborto nesta região autónoma. Pelo meio, José Sócrates foi entrevistado na SIC e asseverou, com uma rara convicção, que a lei iria ser cumprida. Há dois dias, e sem que nada o fizesse prever, João Jardim cedeu e esclareceu que, afinal, o orçamento para 2008 da Madeira lá teria uma verba para a realização do aborto nos hospitais da região.

Desde Novembro que o Governo vinha negociando uma extensão temporal do regime de benefícios fiscais para as empresas não financeiras na zona franca da Madeira. O novo regime, ontem aprovado em Conselho de Ministros, já tinha recebido autorização da União Europeia e significa uma redução de impostos, no valor de 300 milhões de euros, para as empresas não financeiras sediadas na ilha. Não tenho particular apreço por teorias da conspiração, mas não deixa de ser uma extraordinária coincidência que, sem nada que o faça prever, a acalorada resistência de João Jardim tenha sido quebrada na véspera do Governo desbloquear uma das principais medidas para compensar os custos da região como zona ultraperiférica. Pode tudo ter sido tudo um estranho acaso, mas lá que dá que pensar sobre a forma como funciona politicamente o “grande líder” de Marques Mendes, lá isso dá.

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