17 agosto, 2007

Os números são uma chatice

Esta semana, através de vários estudos do Eurostat e de pequenas notícias nos jornais ou suplementos económicos, ficámos a saber que os portugueses ganham menos 40% do que a média europeia e que o fosso salarial entre os mais ricos e os mais pobres em Portugal voltou a bater recordes, estando quase duas vezes acima da média europeia a 15. Ainda antes das alterações às reformas aprovadas pelo Governo, já somos o terceiro país onde as pessoas trabalham mais anos e se reformam mais tarde da Europa a 25. Com uma economia praticamente parada, as cem maiores fortunas do país cresceram quase 40% no último ano, e, se já se sabia que somos o segundo país da Europa com mais trabalhadores a prazo, o Eurostat veio dizer-nos que, nos últimos cinco anos, duplicaram os trabalhadores que estão nessa situação apenas porque não arranjaram outro trabalho.

A distância que vai entre estas notícias e o discurso que tomou conta de quase todas as colunas de opinião ou comentários televisivos é revelador do abismo, cada vez maior, entre a opinião publicada e o dia-a-dia dos portugueses. Não há dia que não sejamos bombardeados com a necessidade de manter e reforçar a contenção salarial, desregular um mercado de trabalho demasiado rígido e pouco flexível e cortar e limitar as regalias sociais de que gozam os trabalhadores. Nada disso bate certo com o que se passa no país? Não importa. O discurso liberal tornou-se um dogma (ganhando espaço mesmo entre a direita não liberal) e, de tanto repetir, as suas máximas tornaram-se verdades universais que não se discutem nem precisam de se confrontar com minudências como as estatísticas oficiais. A realidade dos números é um pormenor que não afecta o grande cenário. A ideologia é que conta. Até porque, como o Pacheco Pereira nos faz o favor de avisar semana sim semana não, o discurso da imprensa está tomado pela esquerda. O importante é continuar a pressão e evitar que as estatísticas oficiais tenham o destaque que merecem.

10 comments:

Anónimo disse...

Um dos grandes problemas que se põe à governação da esquerda reformista é o de ter que fazer avaliações do alcance dessas reformas no curto prazo. Ora é sabido que por serem reformistas e, sobretudo, se forem de esquerda, os resultados só podem ser vistos a médio e longo prazo. Só para dar um exemplo. A mobilidade na f pública pressupõe que o funcionário colocado nessa situação possa receber até ao fim da vida e em acumulação com outro emprego, 60% do seu salário actual. É óbvio que os resultados desta medida, no conjunto da despesa do estado, só terão efeitos a médio e longo prazo. Todavia se a solução fosse aquela preconizada pela direita através dos sábios do Beato, despedir 200 mil funcionários públicos, esses resultados seriam imediatos. O interessante é que as críticas do Pedro Sales esperar-se-ia que viessem, justamente, da direita, mas não vêm. Das duas uma, ou o Pedro quer e deseja o PS a governar com as políticas da direita, ou apenas faz demagogia para mera cosmética de interesse partidário. Ambas são lamentáveis.

Real

Anónimo disse...

em compensção o suposta aluno liceal Sócrates ganha mais que Putin e nem metade das dores de cabeça que Putin tem, tem o aluno liceal.
Fica desde já o convite para passar no meu recanto da blogsfera.

Pedro Sales disse...

Real,

O post não tem nada a ver com o governo, mas sim com os liberais do Beato, de que tu falas, que ocupam o espaço comunicacional todo e parecem falar de um país qualquer que eu não conheço e que as estatísticas teimam em não identificar com Portugal.

Anónimo disse...

Ainda bem que reconheces que a política reformista do governo é para salvar o estado social e não para o desmantelar como quer a direita. Ainda bem que clarificas, pois ultimamente a bebedeira doutrinária tem feito furor lá para as tuas bandas. Nada como pensar pela própria cabeça. Um aplauso.

Real

Anónimo disse...

Real bajulador... Reformar significa oferecer um futuro melhor. O que se passa é cortar. Se estamos em contenção, porque razão o Estado paga o parque que está no interior do Min. Finanças, com jipes Porche, carrinhas Audi consideradas veículos de trabalho?

Saurium disse...

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Obrigado!

Pedro Sales disse...

Real,

Nem 8, nem 80. Não sei como é que tiras essa leitura do que escrevi. O Governo não tem as mesmas posições do Compromisso Portugal ou, até, do que a maioria dos comentadores da imprensa. Até aí concordo, a partir daqui é leitura tua.

Mentiroso disse...

Já há muito tempo que sabíamos isso e foi esquecido. Daqui a uns tempos voltará também a esquecer-se o que agora ainda está fresco. A propaganda politiqueira e corrupta, ajudada pela jornaleirada que encobre, encarrega-se de cobrir os carneiros com uma capa de amnésia. Novidade?

Anónimo disse...

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