Cheira a futuro
"O democrático calça seu aperto de mão de camurça anti-séptica e tira macacos do nariz da criança para os comer em público. Delirantes os pais servem-lhe as crias numa travessa azul andorinha com um requerimento espetado na boca. O democrático que fez constar que a liberdade é o democrático gostar de leitão ingere a criança tostada numa mastigação que os microfones traduzem numa língua para falar às baratas e dá finalmente um arroto. «Cheira a futuro» dizem os pais com a mão na algibeira acariciando o seu orgão de continuidade. E cantam hinos até a polícia vir. (...) Felizmente o democrático não é outra coisa além do que não é. Se o democrático fosse uma oleografia de Nosso Senhor Jesus Cristo, encimava as camas de todos os bordéis latinos, cristianissimamente pendurado pelo fervoroso mau gosto das prostitutas."
(Natália Correia, Poesia Completa, 2ª edição, p. 334)
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