19 setembro, 2007

A contaminação

Os referendos sobre questões europeias, pela sua complexidade, acabam invariavelmente por ser contaminados e importunados por discussões sobre questões nacionais, declarou ontem Luís Filipe Menezes, para justificar a sua oposição a um referendo sobre o Tratado Europeu. É uma posição insustentável, que inacreditavelmente tem os seus seguidores, e guiada apenas pela necessidade de se demarcar, em tudo o que mexe, das propostas e compromissos de Marques Mendes.

Actualmente, calcula-se que entre 70 a 80 por cento da legislação nacional seja a transposição, directa ou indirecta, de directivas comunitárias. A política monetária é europeia. A política agrícola está subordinada, em larga medida, a quotas e objectivos traçados em Bruxelas. Não sei como é que Menezes entende que se pode discutir a Europa sem discutir Portugal, e discutir os problemas nacionais sem discutir a Europa. O resultado é uma discussão puramente semântica e vazia de conteúdo. Reconheça-se, em todo o caso, que nesse campo Luís Filipe Menezes é um mestre. Tem sido essa a equação que lhe tem permitido manter-se há décadas no palco da politica nacional.

4 comments:

Anónimo disse...

vejam e oiçam esta pérola:

http://www.youtube.com/watch?v=HgrFSHZfD1o

Nuno disse...

É a repressão policial gratuita e sem qq razão aparente na terra da liberdade! Eu até fiquei nervoso a ver isto!
Como é q ninguém faz nada para ajudar o rapaz? Como é q o Kerry não faz nada?
Os pps policias não sabem pq é q estão a prender o rapaz, parece-me óbvio! Mais tarde inventam um "Inciting a riot" q é objectivamente falso!
Por aqui se vê a decadência dos EUA! Ter o homem errado como PR durante 8 anos terá os seus efeitos!Cpmts

Filipe Tourais disse...

Também pensei o mesmo. E, quando o debate chegou ao fim, as duas ideias com que fiquei foram a do vencedor do debate, José Sócrates, e o estado de vazio de ideias inacreditável a que chegou este PSD moribundo.

Anónimo disse...

Está por provar que o referendo seja um instrumento eficaz no nosso sistema político. contudo, a nível de questões europeias já sabemos que o referendo não faz qualquer sentido poi seja qual for o resultado da votação, na prática, ninguém sabe para o quê em concreto se está a votar. Pior, sabemos à partida que qualquer que seja o sentido do voto nenhum efeito prático dele resultará. Não existe qualquer relação causa-efeito para um sim ou para um não. E não se sabe mesmo em relação a quê se pode dizer sim ou não. O referendo teria sido importante antes da adesão ou, por exemplo, antes de Maastricht. Hoje é uma inevitabilidade a globalização europeia. Penso é que ainda poderá haver a seu tempo a oportunidade para que um novo tipo de globalização nasça das injustiças e das incongruências com as quais esta tem vindo a crescer.