14 novembro, 2007

O copista

Sintomaticamente, a pergunta mais pertinente sobre a pilha de documentos digitalizados por Paulo Portas foi feita por um ex-dirigente do PP. De facto, como diz Narana Coissoró, se os documentos são notas pessoais de Paulo Portas (como este alega) para que é que precisou de os digitalizar no momento em que saiu do ministério? Não era mais simples levar os originais consigo, ou será que alguém acredita que deixou os seus apontamentos pessoais e do seu partido para o seu sucessor?

A passividade com que as autoridades judiciais encararam este frenesim copista, entendendo como normal que um ex-governante leve consigo uma torre de papéis ou um disco rígido cheio de documentos do ministério (alguns deles com a nota de "confidencial"), indicia que esta pode ser uma prática generalizada. E que diz bastante sobre a forma como uma certa classe política encara o Estado como propriedade sua.

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