19 outubro, 2007

Habituem-se

Entrevistado ontem na Sic Notícias, Carvalho da Silva garantiu que nunca tinha sido tão maltratado por um governante, em mais de 20 anos de relacionamento institucional, como na reunião de terça-feira com o primeiro-ministro. Goste-se ou não de Carvalho da Silva, não é difícil concordar que é uma pessoa educada e não me lembro de o ver cometer inconfidências publicas sobre reuniões privadas. Alguma coisa se terá passado, e, atendendo ao historial de ambos, não me custa nada acreditar que o primeiro-ministro tenha reagido “violentamente” às posições da CGTP sobre a desvalorização dos direitos sociais pelo Tratado.

A patologia é conhecida. Depois de seis meses a apertar as mãos dos “senhores” da Europa e do mundo, o enfado com a política e os protagonistas locais costuma atacar os governantes indígenas. O tédio, conjugado com a costumeira arrogância e a obsessão de Sócrates em estampar o nome de Lisboa no Tratado, está rapidamente a dar lugar aos piores sintomas de intolerância política. As manifestações ou são coisa de comunistas, ou são ignoradas e representam um sinal do "isolamento" da central sindical que junta 200 mil pessoas nem frente à cimeira europeia. Habituem-se, dizia, de forma premonitória, António Vitorino. A continuar assim, não me parece que por muito tempo.

15 comments:

André A. Correia disse...

Eu diria mesmo que é o sinal da tendência progressista deste Governo!

Nuno disse...

Não sabe o que se passou, mas afirma que se houve reacção violenta! Sabemos q as posições da CGTP estão afastadas da realidade do país e da capacidade do estado!
Vamos a ser sérios na análise! A que sintomas de intolerância é q se refere?
Mas há dúvidas q a actual táctica do PCP passa por fazer manifs em todas as aparições públicas do PM? Para mim não há! E explorar especulativamente tudo o que possa ter eco na comunicação social( como os policias no sindicato). Não há problema nenhum nisso, excepto qd as manifs são demagogas e resvalam para a ofensa gratuita e é isso q se passa! Gosto bastante deste blogue e fico curioso para ver qual a receita alternativa que é proposta!

Pedro Sales disse...

Nuno,

Nunca vi o Carvalho da Silva revelar pormenores de uma reunião privada. É um notória falta de educação fazê-lo, a não ser que tenha acontecido qualquer coisa fora do comum. Não sei se se lembra das discussões, aos gritos, entre Sócrates e Boaventura Sousa Santos, a propósito da co-incineração. Não vou revelar, porque não revelo conversas privadas, mas posso-lhe garantir que conheço várias pessoas que relatam episódios similares com o primeiro-ministro.

Não tenho nenhuma garantia de que isso aconteceu, como é normal, mas atendendo à forma como o PM se encontra obstinado em garantir a assinatura do Tratado e ao seu passado, é a minha opinião que alguma coisa se terá passado. Subjectiva, e passível de erro, como todas as opiniões.

Anónimo disse...

eu sinceramente acho que o homem está a enlouquecer. O peso da consciência ou paranóia da perseguição acusam-se no primeiro ministro.

Além de ver comunistas em todos os cantos, fruto do meio rural de onde vem e do preconceito que as jotas produzem, tanbém o vemos a benzer-se perante padres e figuras religiosas... Isto de uma pessoa que os meios PS dizerem ser laico e defender o Afonso Costa e 1ªrépublica em reuniões de militantes. Isto é esquizofrenia ou quê?

A ideia com que se fica é que o primeiro ministro está a enlouquecer.

Mas ele não é o único, nos tempos que correm.. Vejam o Bush. Tem ataques de choro pelos cantos da casa branca, inicia orações em circunstânçias descabidas e a última biografia dele, revela entrevistas dele em que confessa andar a ver fantasmas na casa branca...

E há impeachment para esta gente?

Aparentemente, nem por razões de saúde mental.

Sócrates tem o tratado constitucional europeu. Bush o botão nuclear e os cães de fila politizados do pentágono...

Venha o diabo e escolha.

Anónimo disse...

O cerco em redor de Sócrates e do seu governo aperta-se cada vez mais...Depois desta tremenda manifestação de 200 mil pessoas tudo vai mudar! A contestação será cada vez mais dura porque as pessoas demonstram que claramente não querem esta política! Vamos esperar pelos próximos episódios...

Anónimo disse...

A tactica da "negaçao",utilizada por este governo,esgotou-se.

Anónimo disse...

Há muito que esse palhaço lacaio do PCP, o Carvalho da Silva, andava a precisar de uma lição. E se o Sócrates lha deu, é sinal de que votei bem, e vou tornar a votar nele.

Esse tipo é um demagogo ao serviço do PCP e das quadrilhas corporativas dos FPs.

E depois tem a mania de que manda nos governos, que os intimida e os demite com manifs de carneiros, e alguém tem de o pôr no lugar.

Parabéns Sócrates !

Anónimo disse...

O Carvalho da Silva não é lacaio de nenhum partido. E mesmo sendo militante do PCP muitas vezes esteve em desacordo com o seu partido. Mas mesmo que assim não fosse ele é representante de uma instituição que merece respeito. Está de certa forma desajustado da realidade actual? Certamente. O movimento sindical hoje não é um poço de virtudes. A CGTP está demasiado ligada ao PCP. Contudo não representa o PCP. Na CGTP estão muitos trabalhadores de outras origens partidárias ou mesmo sem qualquer vínculo ideológico. Ignorar e isolar esta organização pode ser uma atitude muito pouco democrática mas infelizmente normal nas presentes circunstâncias. Sócrates está sedento de resultados e não tem muita margem de manobra. Só me pergunto é, se todos dizem que o comunismo morreu, porque raio têm tanto medo dos comunistas. Não me consta que os mortos possam atrapalhar o trabalho dos vivos...

Anónimo disse...

É assim : um sindicato ou uma federação de sindicatos têm todo o direito de fazer greves, organizar manifestações e até falar com os governos.

O que os governos não têm é de, obrigatóriamente, concordar com o que os sindicatos dizem, nem têm (nem devem !) mudar as suas orientações por via do números de manifestantes de uma manif, ou do nr de aderentes a uma greve. Já não estamos no PREC, e espero que o ciclo de governos fracos tenha acabado, de uma vez por todas.

Quem é mandatado pelo povo para governar são os governos não são os sindicatos, e aqueles não se podem submeter a estes.

Existem reformas urgentes para fazer, algumas delas duras, e que têm de ser feitas. A Espanha fê-las e está a colher os frutos disso mesmo.

E depois, é sabido, toda a gente vê, que o PCP manipula a CGTP. Ora, o PCP tem uma fracção ínfima dos votos. Seria uma verdadeira fraude que as pessoas dessem uma fracção ínfima de votos ao PCP para depois, no final, ser este a definir as politicas, por via das suas correias de transmissão, os sindicatos.

Portanto, o Sócrates tem toda a razão em pôr o Sr. Carvalho da Silva (e indirectamente o sr. Jerónimo de Sousa) nos seus respectivos galhos. E fazê-los notar, de forma clara, que quem governa é ele e os seu governo.

É isso que eu espero de um governo, quando me dou ao trabalho de ir votar.

Anónimo disse...

Caro Lino, nada contra. É evidente que tem de ser assim. O governo foi eleito para governar e é esse o seu papel não devendo ceder a pressões. De acordo. Contudo o governo foi eleito com um programa e está a realizar outro completamente diferente. E isso é pertinente pois se ele tivesse dito desde o início quais eram os seus planos e não tivesse mentido provavelmente não teria sido eleito, ou pelo menos da forma que foi. Ok, foram circunstâncias especiais. Mas nesse aspecto nada contra. Nas eleições é que vamos ver a real situação do contentamento ou descontentamento das pessoas em relação à prática deste governo. Mas mais uma vez concordo consigo não podem ser os sindicatos a mandar. E todos sabemos que isto não é efectivamente assim. O governo tem de governar porque foi eleito para tal. Quem não foram eleitas para governar foram as confederações patronais e no entanto elas, ao contrário dos sindicatos, condicionam e pressionam a governação.

Pedro Sales disse...

Lino,

De acordo com os seus comentário, deduzo que também considere uma fraude as pressões que os grupos empresariais, comerciais, igreja e demais coorporações fazem junto do governo. Não dão tanto nas vistas, mas temo até que sejam mais eficazes.

Anónimo disse...

lino josé...se dúvidas houvesse sobre a natureza deste governo aqui estava o postal indicado!

Anónimo disse...

...e por onde andaram as uniões sindicais do resto da europa? Não foram convidadas ou quiseram cá pôr os pés?

Anónimo disse...

correcção:...e por onde andaram as uniões sindicais do resto da europa? Não foram convidadas ou não quiseram cá pôr os pés?

Ant.º das Neves Castanho disse...

Por pouco tempo, Pedro Sales?!!


E os que vierem a seguir (Portas/Nobre Guedes; Menezes/Santana), serão mais ao seu gosto???


Concordo com o seu Artigo, excepto com a última oração. Este o beco sem saída para o qual a Oposição de Esquerda teima desastrosamente em atascar-se.